Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Notícias > Guiomar Marcondes Pioli conta sobre a vida profissional de seu marido, o servidor William Pioli
Início do conteúdo da página

Guiomar Marcondes Pioli conta sobre a vida profissional de seu marido, o servidor William Pioli

Publicado: Sexta, 24 de Novembro de 2023, 14h19 | Última atualização em Sexta, 24 de Novembro de 2023, 14h19

20231006 105515No ano de 1949 teve início a construção da Escola Agrotécnica de Muzambinho. O Executor do Acordo, Dr. Hercílio Vater de Faria, foi o responsável pelas contratações dos trabalhadores. Entre eles estava William Pioli, admitido em 01 de julho de 1949, como encanador. Ao longo de sua jornada na Escola, ele trabalhou como horista, mensalista e tornou-se servidor público, ele passou a atuar como bombeiro hidráulico.

Para contar um pouco sobre William e também sobre o início da Escola Agrotécnica, vamos contar com a participação da senhora Guiomar Marcondes Pioli, esposa do servidor. Guiomar foi espectadora das histórias vivenciadas pelo marido, ao longo dos 40 anos que o mesmo trabalhou na Instituição. O casal teve cinco filhos: William Pioli Filho, Carlos Alberto Pioli, Lúcia Helena Pioli, Nilton Pioli e Márcio Pioli (servidor do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho).

O que vamos contar, além da história sobre o trabalho do servidor William, tem ligação com a própria Senhora Guiomar. O fato ocorreu antes do casamento dos dois, eles já namoravam e ela foi convidada a trabalhar como copeira na casa da família do Dr. Lycurgo Leite Filho, o Deputado Federal muzambinhense que tanto batalhou para que uma Escola Agrotécnica fosse instalada em Muzambinho. Ela mudou-se para o Rio de Janeiro, ajudou a cuidar dos três filhos de Lycurgo, a Yedda, Yvette e Lycurgo, também trabalhou como cozinheira. Ali ela testemunhou a assinatura de documentos envolvendo a construção da Escola e viu a documentação de quando o seu namorado foi nomeado como servidor.20231006 104806

A senhora Guiomar se recorda do termo de doação do terreno para a construção da Escola. Ela explica que vários integrantes da UDN - União Democrática Nacional, partido de Lycurgo Leite Filho, tiveram que assinar como avalistas.

A esposa conta que William fazia parte da equipe de Hermenegildo Pulcinelli, responsável por construir a escola. William ainda era jovem, tinha 19 anos, e, segundo Guiomar, Hermenegildo foi o responsável por ensinar o ofício de encanador, marceneiro e eletricista. Ele atuava nas atividades que eram necessárias para auxiliar na construção da Escola. A equipe de trabalho era composta por aproximadamente vinte pessoas.

Guiomar se recorda da rivalidade que existia entre os partidos políticos de Muzambinho. De um lado estava a UDN - União Democrática Nacional e do outro, o PSD - Partido Social Democrata. Ela aponta que o Dr. Hercílio não se preocupava com a ligação partidária dos funcionários que estava contratando. Inclusive que o Hermenegildo era do PSD e o William era da UDN.

Após muitos desafios, a Escola estava pronta. Os estudantes começaram o curso de Iniciação Agrícola no primeiro semestre de 1953 e a inauguração ocorreu no dia 22 de novembro do mesmo ano. Guiomar, William e o primogênito do casal participaram das festividades. Ela conta sorrindo que o filho, William, chorou por ter acabado o refrigerante.

Um fato que ela se recorda está relacionado à rivalidade política. O PSD tinha interesse em tirar o Dr. Hercílio do cargo e a ideia era que alguém do partido fosse nomeado. O partido fez um abaixo assinado para que Hercílio deixasse o cargo, a tentativa foi frustrada e a troca não aconteceu. Os trabalhadores que participaram da ação foram dispensados. Ela aponta que William não se envolveu com o ocorrido.

Com o decorrer do tempo, William ficou responsável por cuidar da água da Escola. No início faltava muita água e o servidor precisava se deslocar constantemente para o local onde ficava a bomba d'água. “A água faltava demais e quando a água faltava, os alunos pegavam panelas e faziam um barulhão”. Até os dias atuais, a casinha que abrigava a bomba utilizada por William continua intacta. Ela fica localizada próximo ao atual Setor de Compostagem do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho.

06A famosa caixa d'água que fica localizada na lateral do Prédio H é o lugar que abriga uma das grandes histórias de William Pioli. Nos dias de hoje, caso ocorra alguma emergência e um servidor precise voltar para as dependências da Instituição é simples, basta utilizar o telefone celular. Mas e quando isso ocorria antigamente? Como avisá-lo?

Guiomar explica que William criou um sistema na caixa d'água para que pudesse ficar sabendo quando estava faltando água para os alunos. Ele instalou um sistema que acendia uma luz quando o nível de água baixava e, da sua residência na cidade, avistava a luz e já sabia que deveria vir verificar a água. Ele tinha a responsabilidade de prestar atenção no sistema implantado mesmo quando estava fora do horário de serviço, pois não poderia comprometer as atividades da Escola por falta de água.

Outra curiosidade relatada por sua esposa envolve a forma como William se deslocava até a Instituição. Ele solicitou ao Dr. Hercílio que disponibilizasse um cavalo para que ele pudesse percorrer o trajeto, que até então era feito a pé, com chuva ou com sol. O animal passou a ficar na casa da família Pioli e sempre que era necessário, lá vinha William manter a água da Escola. Com o decorrer do tempo o cavalo foi retirado de William, houve um mal estar, mas acabou sendo resolvido. Guiomar, de certa forma achou bom, pois o animal dava um grande trabalho para ficar alojado no quintal da família.

A memória da senhora Guiomar chama bastante a atenção durante a entrevista, ela narra os fatos e conta os nomes e também os sobrenomes. Ela relata que Rubens Bonelli Abrão, um dos primeiros servidores da Escola Agrotécnica, era o responsável por levar documentos ao Rio de Janeiro para que o Dr. Lycurgo Leite Filho pudesse assiná-los. Ela lembra de outros nomes que atuaram ao lado de seu marido: Paschoal Casagrande, Elson Luiz Pereira de Souza, Virgílio, Sebastiana, Antônio Cobra, Ari Padeiro e José Rossi, são alguns dos nomes que citou durante a entrevista.

E suas lembranças também estão na construção do primeiro barracão na Escola. O mesmo está localizado no espaço em que fica localizado o atual Setor de Mecanização. Ali todos os materiais usados nas obras da Escola eram armazenados e quem tomava conta era o avô do atual Diretor-Geral do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho, professor Renato Aparecido de Souza, o senhor Virgílio.

Certa vez quiseram vender para a Escola Agrotécnica canos de plástico e procuraram pelo William Pioli. Guiomar conta que havia um parentesco entre o vendedor e o marido. William foi contra a troca dos canos na época, falou sobre o trabalho envolvido na instalação, da dificuldade em fazer a “rosca” nos canos e até mesmo sobre o serviço bem feito por muitas pessoas. O encanamento não foi trocado na ocasião, mas Guiomar relata que anos depois foram trocados por canos de plástico. Ela só não tem certeza se o fato ocorreu antes ou depois da aposentadoria do marido.

As festividades também eram um ponto de destaque, de acordo com Guiomar. As famílias participavam das atividades, todos se conheciam e eram amigos. Ela fala que eram parte de uma grande família. William gostava tanto de trabalhar na Instituição que não faltava, a jornada de trabalho era de segunda a sábado, mas quando a água faltava, ele vinha a qualquer momento. O seu amor pela Instituição era tanto que ele não queria se aposentar.

20231006 104842

Durante a entrevista foi possível perceber o quão envolvida Guiomar foi com o trabalho do marido. Também foi notado que ela conseguiu mostrar o amor e gratidão que William Pioli sentiu ao ser servidor da Escola Agrotécnica. Ela deixou uma mensagem: "Eu quero parabenizar todos que ajudaram a construir e melhorar a escola. Todos ajudaram, todos os diretores ajudaram. Um fazia uma coisa, outro fazia outra e todos ajudavam".

Texto e fotos: ASCOM - Campus Muzambinho

registrado em:
Assunto(s):
Fim do conteúdo da página