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Passagens de Darcy Rodrigues da Silva, diretor da Escola, contadas por seu filho

Publicado: Quinta, 19 de Outubro de 2023, 10h53 | Última atualização em Quinta, 19 de Outubro de 2023, 10h54

DarcyA história de hoje começa no dia 16 de janeiro de 1907, na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Ali nascia Darcy Rodrigues da Silva, filho de Plotino Rodrigues da Silva e Julieta Olivé Rodrigues. O Engenheiro Agrônomo, graduado em Agronomia pela Escola Mineira de Agronomia e Veterinária, em Juiz de Fora - Minas Gerais, foi Diretor-Geral da Escola Agrotécnica/Colégio Agrícola de Muzambinho no período de 09 de agosto de 1961 a 06 de abril de 1967. O enredo será contado por Décio Conforto Rodrigues da Silva, o filho caçula de Darcy.

Darcy começou a lecionar no ano de 1955, na Escola Nacional de Agronomia, localizada no Rio de Janeiro. Décio tem como irmãos mais velhos, Darcy Conforto Rodrigues da Silva e Daysi Conforto Rodrigues da Silva. Ele conta que o pai foi designado pelo Ministério da Agricultura para dirigir a Escola Agrotécnica de Muzambinho, que passou a denominar-se Colégio Agrícola de Muzambinho, em 1964.

Antes de ser designado para a cidade de Muzambinho, Darcy estava trabalhando na Universidade Rural do Rio de Janeiro, desde o ano de 1955. De acordo com Décio, o Doutor Darcy, como era chamado, mudou-se para Muzambinho com sua esposa, a senhora Maria Madalena. Logo na sua chegada, ainda sozinho, o Diretor-Geral foi abordado por um dos partidos políticos da cidade. Décio não se recorda da sigla do partido, mas relembra que seu pai deixou claro que não se envolveria com política e se isso fosse uma problema, ele deixaria o cargo, pois suas malas ainda estavam no carro. Ali, Darcy deixou claro que não iria se envolver com política, contou seu filho.

Décio aponta que seu pai comentou que a polarização política era muito forte na época. As pessoas que faziam parte da UDN e do PSD não se misturavam. Darcy falou ao filho que as calçadas eram separadas, não andavam no mesmo espaço. Darcy estava certo de que não iria se filiar a nenhum partido e juntou-se ao Frei da cidade que estava tentando acabar com tal rivalidade. Décio aborda que uma amiga do seu pai disse a Darcy que a situação estava melhorando, pois as moças do PSD já estão se casando com os rapazes da UDN.

A vinda de Darcy para Minas Gerais acarretou a Décio uma vida solo no Rio de Janeiro. Na época, o jovem estava em andamento com o Serviço Militar e ficou sozinho para que pudesse seguir com seus projetos. As vindas até Muzambinho foram poucas, pois a distância era longa e o transporte até a cidade era bastante escasso. O filho do Diretor-Geral contou que as estradas não eram asfaltadas, a opção de ônibus limitada, assim como o trem. “Teve uma vez que eu fui sozinho, mas peguei a época de chuva e eu fiquei isolado, até que consegui passagem através do trem que ia para São Paulo. Então eu fui de trem de Muzambinho a São Paulo e essa foi a última visita que eu fiz”.

Em uma das visitas que Décio fez ao seu pai, ele pegou carona no ônibus da Escola Agrícola Ildefonso Simões Lopes, ligada à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Darcy recebeu o professor Guilhermino que, na ocasião, trouxe uma turma de alunos para participar de uma visita técnica e jogos esportivos entre as Instituições. Décio explica que os professores eram amigos e se conheciam do período em que Darcy lecionou no Rio de Janeiro. Ele também se recorda que os estudantes aproveitaram muito a viagem, visitaram diversos lugares e as partidas esportivas foram bastante acirradas. Ele explica que ambos os times eram bairristas e queriam vencer, mas os resultados foram balanceados. Outro detalhe que ele se recorda foi de que um dos estudantes do Rio de Janeiro era da cidade de Muzambinho e jogava para o time da cidade. Décio não se lembra do nome da pessoa, mas explica que ele pediu para jogar menos tempo durante a partida de sábado para se poupar para o jogo de domingo, em que estaria jogando pelo time de Muzambinho.

As histórias dos personagens que estão participando do Especial dos 70 anos do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho acabam revelando fatos que envolvem outros atores. É o caso que aconteceu na entrevista com o professor Ivan Antônio de Freitas, que foi aluno no período em que Darcy foi Diretor-Geral. Ele se recorda que Darcy era um dos três melhores oradores da cidade e que, em alguns casos, tinha que consultar o significado de algumas palavras utilizadas por Darcy.

Décio também tem um ponto que destaca a personalidade do pai. Ele aborda que o pai tinha muita criatividade para resolver situações e sempre encontrava soluções que acarretaria benefícios para a Instituição. Uma das primeiras ações realizadas por seu pai, relembra Décio, foi a criação de um lago. De acordo com ele, Darcy fez uma barragem para construir esse lago como fonte de irrigação para as plantações, principalmente para a de milho, e como espaço de lazer para os estudantes. Inclusive, o Diretor-Geral pediu que um barco fosse construído para uso neste espaço. Os alunos nadavam e remavam ali.

Com esse fato, Décio conta uma das histórias criativas do pai. O lago foi infestado por sanguessugas e Darcy precisava cuidar da integridade dos alunos. Ele então colocou tilápias no local para eliminar os pequenos animais. Com isso, o espaço de diversão dos alunos foi preservado e um novo alimento foi introduzido na rotina alimentar da Escola. O peixe passou a compor o cardápio do refeitório estudantil.

Darcy nora filho esposaA segunda visita de Décio foi um pouco mais longa, ele veio com a noiva, Sônia Maria Mota Rodrigues da Silva (atual esposa) e a sogra, para passar alguns dias. Ele pôde conhecer Muzambinho, inclusive menciona que ficou apaixonado pela fábrica de doce de leite da cidade e visitou as dependências da Escola Agrotécnica, ele se recorda do servidor Paschoal Casagrande, motorista da Instituição.

Outra viagem que marcou a presença de Décio no Colégio Agrícola ocorreu nas festividades de 07 de setembro de 1964. Décio era estudante da UFRJ e cursava História Natural. O jovem veio para Muzambinho com os seus colegas da universidade e Darcy os convidou para assistirem ao desfile na praça da cidade do palanque do Colégio Agrícola. Ele se recorda que todos sentiram-se muito importantes de participarem daquele momento cívico.

Décio comenta sobre outro ponto que envolve a história de sua família com os 70 anos do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho. A sua irmã, Daisy Conforto Rodrigues da Silva lecionou na Escola Agrotécnica de Muzambinho. Ela estava ligada à Universidade Federal Fluminense e foi cedida para dar aulas em Muzambinho. Durante o período em que esteve aqui, Daisy atuou como professora das disciplinas de Geografia Geral e do Brasil.

Os três filhos do Diretor-Geral Darcy Rodrigues da Silva seguiram carreira na área da educação. Décio comenta que acredita muito na educação, principalmente na educação pública como elemento transformador do mundo e que gera uma formação crítica para as pessoas.

A entrevista com Décio foi finalizada com ele dizendo que espera ser possível um dia retornar a Muzambinho. Ele também aproveita para deixar uma mensagem de esperança para os estudantes que passaram, que estão atualmente estudando e que virão a pertencer ao IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho. “A educação agrícola e veterinária é um instrumento de transformação social muito forte e eu quero deixar uma mensagem de esperança em dias melhores, através dessa ferramenta tão importante que é a educação, principalmente dentro de uma área em que a gente pensa em riqueza e alimentação [...] Eles têm muito a desejar do mundo, sendo conscientes de que eles são também um instrumento de transformação dessa realidade”.

Texto: ASCOM - Campus Muzambinho
Fotos: cedidas por Décio Conforto Rodrigues da Silva

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