Parceria entre IFSULDEMINAS e APAC descaracteriza 16 toneladas de itens de vestuário

Parceria entre as instituições ocorre desde 2017 e contabiliza mais de dez capacitações para as recuperandas

Desde maio deste ano, o Instituto Federal do Sul de Minas (IFSULDEMINAS) recebe o apoio da unidade feminina da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), em Pouso Alegre, na descaracterização de itens de vestuário apreendidos em operações de fiscalização da Receita Federal no sul de Minas. A descaracterização acontece com a retirada de etiquetas, marcas e logomarcas em evidência; e o material passa a ser aproveitado para doação a instituições que atendam a população de baixa renda e em situação de vulnerabilidade ou na confecção de máscaras de proteção à Covid-19.

Vinte, das trinta recuperandas, participam da ação, realizada em dias previamente agendados, de forma a conciliar o tempo de execução da descaracterização com outras atividades da unidade, como aulas de capacitação profissional ou de educação regular (ensino Fundamental ou Médio), estudos bíblicos e laborterapia, uma técnica psicoterapêutica na qual são realizadas atividades que privilegiem o autocuidado e o zelo por si e pelo ambiente no qual está vivendo naquele momento.

Joyce Seabra de Vasconcelos, encarregada administrativa da APAC, destacou a importância de envolver as mulheres, que estão em processo de recuperação, em ações que terão impacto na sociedade. "É um trabalho importante porque a APAC acaba fazendo parte de uma ação social, na qual as recuperandas participam diretamente de um processo que resultará em roupas destinadas a entidades assistenciais. É um trabalho manual tranquilo para elas, que já fazem a laborterapia, com corte e costura".

A ação sustentável já contabilizou 16 toneladas de itens de vestuário, grande parte dessas peças passaram pelas mãos dessas mulheres. A ação é voluntária, ou seja, não gera qualquer lucro à APAC ou às recuperandas; porém, ao fazer as atividades, parte das peças já descaracterizadas são doadas para elas, que as customizam e passam as utilizar ou enviam para seus familiares. C. F. S, 27 anos, está há quase dois anos na unidade e gosta de realizar trabalhos manuais. "Aqui, participo de bastante projetos, fazendo artesanato e descaracterizando as roupas. Eles são importantes para ocupar a cabeça. Eu fico orgulhosa com os objetos que eu crio. Quando minha filha vem na visita, mostro e dou algumas peças para ela". 

G. N. M., 24 anos, também cumpre pena na unidade e busca aproveitar as oportunidades de capacitação oferecidas. "Eu pretendo fazer um bom aproveitamento dessas cursos porque no sistema prisional comum a gente não tem essa facilidade. Por exemplo, eu nunca havia mexido numa máquina e, aqui, aprendi a costurar. Gostei bastante".

Histórico

A parceria entre IFSULDEMINAS e APAC não está restrita à ação atual. Desde 2017, o Instituto oferece capacitação profissional, tanto presencial como on-line, como forma de ressocialização. A Diretora de Extensão do IFSULDEMINAS, Roselei Eleotério, ressaltou o compromisso educacional e social do Instituto. "É grande a satisfação em saber que podemos contribuir com a sociedade no intuito de capacitarmos para o mundo do trabalho".

A encarregada da APAC também falou sobre a relevância da educação profissionalizante para o sistema prisional. "O IFSULDEMINAS acompanha nossa trajetória, oferecendo capacitações. Elas são muito importantes para as recuperandas, pois a maioria sai daqui com cursos que as ajudam a conquistar um trabalho. Inclusive, hoje, temos recuperandas que já mexem com costura em lojas e fábricas de Pouso Alegre. Para nós, o grande retorno dessa parceria com o IFSULDEMINAS é vê-las não voltar para a vida do crime, fazê-las perceber que têm capacidade de realizar e conquistar ainda muita coisa". 

Confira a relação de capacitações já ofertadas e um vídeo que apresenta a parceria entre IFSULDEMINAS e APAC.  

APAC

A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados integra o sistema prisional brasileiro. É uma entidade civil sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, dedicada à recuperação e reintegração social das condenadas a penas privativas de liberdade. Apresenta-se como uma alternativa que foca na humanização na forma da punição e ressocialização da detenta. A unidade feminina de Pouso Alegre atende toda a região do Sul de Minas e, desde 2017, já abrigou 181 mulheres; atualmente, está em sua capacidade máxima de lotação, com as 30 vagas disponíveis ocupadas. Lá, as recuperandas podem cumprir regime fechado ou, em caso de conseguirem emprego formal, regime semiaberto.